EUA revoga visto de Alexandre de Moraes por 'caça às bruxas' contra Bolsonaro

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, anunciou nesta sexta-feira (18) que ordenou a revogação do visto do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do caso em que Jair Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado, horas depois de o magistrado restringir as atividades do ex-presidente e ordenar o uso de tornozeleira eletrônica.
A tensão entre Estados Unidos e Brasil tem escalado quase diariamente pelo caso de Bolsonaro, a quem o presidente americano Donald Trump parece apoiar incondicionalmente.
"A caça às bruxas política do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão abrangente que não apenas viola os direitos básicos dos brasileiros, mas também se estende para além das fronteiras do Brasil para visar americanos", disse o secretário de Estado Marco Rubio em comunicado.
"Portanto, ordenei a revogação de vistos para Moraes e seus aliados na corte, bem como para seus familiares diretos, com efeito imediato", acrescentou Rubio.
O secretário de Estado reitera que Trump "deixou claro que sua administração exigirá responsabilidades aos estrangeiros responsáveis de censurar a liberdade de expressão nos Estados
Moraes faz parte do grupo de ministros do STF que decidiu tornar Bolsonaro réu.
Tanto Trump quanto o ex-presidente brasileiro alegam ser vítimas de perseguição política.
Bolsonaro é acusado de conspirar para dar um golpe de Estado com o objetivo de se manter no poder após perder a eleição para Luiz Inácio Lula da Silva em outubre de 2022.
Meses depois, no dia 8 de janeiro de 2023, seus apoiadores invadiram e vandalizaram as sedes dos Três Poderes em Brasília, uma ação que remete aos ataques de simpatizantes de Trump em 2021 no Capitólio em Washington, após sua derrota eleitoral para o democrata Joe Biden.
Em 2024, Moraes bloqueou temporariamente a rede social X em todo o Brasil até que a plataforma cumprisse sua ordem de eliminar contas acusadas de difundir desinformação.
Posteriormente, o ministro determinou a suspensão do Rumble, pois esta plataforma de compartilhamento de vídeos, popular entre os conservadores e a extrema direita, se recusava a bloquear a conta de um usuário residente nos Estados Unidos e investigado pela Justiça brasileira por difundir desinformação.
Nesta sexta, o ministro do STF acusou Bolsonaro de incitar "atos hostis" dos Estados Unidos contra o Brasil para obstruir seu julgamento, e determinou uma série de medidas cautelares, que foram confirmadas pela Primeira Turma do STF, como o uso de tornozeleira eletrônica o recolhimento noturno, a proibição de sair de casa aos finais de semana e de usar as redes sociais.
Também o proibiu de manter contato com autoridades diplomáticas de outros países, embora Bolsonaro tenha negado que possui planos de fugir do país.
O julgamento do ex-presidente gerou uma crise diplomática entre Estados Unidos e Brasil.
Trump já anunciou uma tarifa de 50% sobre os produtos do Brasil exportados aos Estados Unidos a partir de 1º de agosto, o que Lula classificou como "chantagem inaceitável", embora não tenha fechado as portas para o diálogo.
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